Personagem do Dia

23/03/2011


Herbert José de Sousa (Betinho)

3/11/1935, Bocaiúva (MG)
9/8/1997, Rio de Janeiro (RJ)
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
"A alma da fome é política!" A afirmação de Herbert José de Sousa - o Betinho - nada tem de enigmática. Ela ilustra exemplarmente uma vida de lutas, de empenho e de trabalho pela cidadania e pela vida.

Herbert José de Sousa foi o quarto filho de uma família de oito irmãos, entre os quais o cartunista Henfil e o músico Chico Mário. Sua infância foi marcada por fatos incomuns. Já nos primeiros dias de vida, teve hemofilia, uma doença no sangue que impede a coagulação.

Passou oito anos morando numa penitenciária, onde seu pai trabalhava.
Herbert de Sousa começou a sua militância política na Juventude Católica, em Belo Horizonte. Estudou na Universidade de Minas Gerais e formou-se em sociologia em 1962. Trabalhou depois no Ministério da Educação e Cultura e na Superintendência de Reforma Agrária.

Depois do
golpe militar de 1964, Betinho engajou-se na resistência contra a ditadura. Passou sete meses no Uruguai e depois, de volta ao Brasil, foi trabalhar como operário na cidade paulista de Mauá.

Em 1971, Herbert de Sousa partiu para o exílio. Morou em diversos países. No
Chile, deu aulas na Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais e assessorou o presidente Salvador Allende, deposto em 1973 pelo general Augusto Pinochet. Escapando da ditadura chilena, Betinho exilou-se no CanadáMéxico. Fez doutorado e foi professor na Universidade Autônoma do México.

Com a anistia política, em 1979, Herbert José de Sousa retornou ao Brasil. Tornou-se um dos símbolos da resistência política. Dois anos depois, fundou o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas).

Herbert de Sousa foi um dos primeiros intelectuais a advogar em favor das organizações não-governamentais, que não dependem do estado nem da iniciativa privada. Foi também um dos fundadores da campanha nacional pela reforma agrária.
e depois no
Em 1990, o movimento Terra e Democracia, que Betinho liderava, reuniu no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, milhares de pessoas para lutar pela democratização da terra.

Herbert de Sousa teve confirmado o diagnóstico de sua contaminação pelo HIV, o vírus causador da Aids, em 1985, contraído numa de suas inúmeras transfusões de sangue no tratamento da hemofilia.

No ano seguinte, fundou a ABIA, uma associação para lutar pelos direitos das pessoas portadoras do HIV ou dos doentes com Aids. Betinho dirigiu essa organização por onze anos.

A doença atingiu também sua família: no período de um ano, Betinho perdeu dois irmãos vítimas da Aids. A maneira de lidar com a doença foi falar sobre ela. Herbert de Sousa iniciou uma grande campanha nos meios de comunicação para esclarecer as pessoas sobre a doença.


Em 1992, Betinho liderou o movimento pela Ética na Política, que culminou com o impeachment do então presidente
Fernando Collor, em setembro do mesmo ano. Esse movimento plantou os alicerces do movimento Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida. A partir da participação de Betinho, o problema da fome e da miséria tornou-se visível e concreto para todos os brasileiros.

Herbert de Sousa abriu várias frentes de trabalho, principalmente no seu relacionamento com a mídia. Em 1993, foi considerado "homem de ideias do ano", pelo Jornal do Brasil.


Depois de muito lutar contra a doença, Betinho faleceu em 1997, aos 61 anos, em sua casa, no bairro do Botafogo.




22/03/2011


Antoon van Dyck

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Antoon van Dyck
Antoon van Dyck


Van Dyck com um girassol
Nascimento 22 de março de 1599 Antuérpia
Morte 9 de dezembro de 1641
Londres
Nacionalidade Flamengo
Ocupação pintor
Antoon van Dyck (Antuérpia, 22 de março de 1599Londres, 9 de dezembro1641) foi um retratista flamengo que se tornou o principal pintor da corte real de Carlos I da Inglaterra. de
Discípulo de Rubens, ele influenciou seus artistas contemporâneos.
Na Inglaterra, ficou conhecido como Sir Anthony van Dyck.

Vida e educação


Auto-retrato, 1613-1614.
Antoon van Dyck era o filho mais jovem de Frans van Dyck, um próspero comerciante de sedas e de especiarias, e de sua segunda esposa, Maria Cuypers. Sua mãe faleceu quando ele tinha apenas oito anos.
Em 1609, aos dez anos, Anton tornou-se aprendiz do pintor de figuras Hendrik van Balen, que só lhe deixara uma pálida impressão. Aos quinze anos, depois de pintar quadros admiráveis, ele já era um artista altamente aperfeiçoado; seu auto-retrato de 1613 e 1614 (ao lado esquerdo) comprova isso.
Instalou-se em um estúdio próprio aos dezesseis anos, ainda na Antuérpia, tendo trabalhado com Jan Brueghel, o jovem. Ele não poderia, entretanto, vender suas obras antes de ser oficialmente qualificado como mestre.

Início da fama

Em 18 de fevereiro de 1618, Van Dyck registrou-se como mestre na Guilda dos Pintores de Antuérpia.
Ambicioso, Van Dyck tornou-se discípulo de Rubens, cujo estilo ele assimilou com uma facilidade espantosa. Rubens predominava o cenário artístico da Antuérpia, e Van Dyck, a exemplo desse, se dispôs a adotar maneiras aristocráticas e a cultivar a imagem de homem refinado. Rubens referiu-se ao jovem pintor, então com dezenove anos, como "o melhor de seus discípulos".
Aos vinte e um anos, ele foi nomeado assistente-chefe de Rubens e recebeu a tarefa de pintar o teto (atualmente destruído) da Igreja Jesuíta de Antuérpia, passando a ser mais um auxiliar do que discípulo de Rubens.
Aparentemente, Rubens não se sentiu ameaçado por Van Dyck, embora, como se alega, ele tivesse encorajado-o a especializar-se em retratos, campo que Van Dyck demonstrava pouco interesse. Rubens elogiava-o abertamente, tendo inclusive adquirido alguns trabalhos seus.

Primeira ida à Londres


Thomas Howard, 2° Conde de Arundel, pintado por Anthony van Dyck, em 1620.
Por volta de 1620, a reputação de Van Dyck estava firmemente estabelecida na Antuérpia. Em julho daquele ano, de passagem pela cidade à caminho da Itália, a Condessa de Arundel posou para Rubens. Seu secretário, Francesco Vercellini, escreveu ao Conde de Arundel, em Londres, sobre o processo da obra e uma nota a respeito de Van Dyck:
"Van Dyck ainda está com o Senhor Rubens, e dificilmente suas obras são menos apreciadas que as de seu mestre; ele é um jovem de vinte e um anos, e seu pai, que é muito rico, vive na cidade; assim, será difícil para ele deixar este quinhão, tanto mais ao ver a boa sorte de Rubens".
Tal carta sugere que o Conde de Arundel tinha interesse em Van Dyck. Tentado pela perspectiva de visitar a Inglaterra, o pintor chegou em Londres em novembro daquele mesmo ano, onde ficou por apenas três meses. Nessa curta temporada, Van Dyck pôde estabelecer contato com dois dos maiores colecionadores de arte ingleses: o próprio Conde de Arundel e o Duque de Buckingham. Apesar da rivalidade entre os nobres, o pintor flamengo realizou pinturas para ambos e teve acesso às notáveis coleções deles: o Conde de Arundel possuía trinta e seis pinturas de Ticiano e o Duque de Buckingham, uma vasta coleção de obras de Veronese. Van Dyck admirava as obras desses velhos mestres venezianos.
Entretanto, Van Dyck, quando veio à Inglaterra pela primeira vez, não se saiu bem-sucedido ao ser apresentado a Jaime I.

Período italiano


Retrato da Marquesa Elena Grimaldi (1623).
Tendo regressado à Antuérpia em 1621, Van Dyck, no outono desse mesmo ano, partiu para a Itália, instalando-se em Gênova, onde ficaria por seis anos. Era uma cidade perfeita para qualquer pintor: rica, elegante e com senhores poderosos. O biógrafo Bellori descreveu sua chegada assim:
"Suas maneiras eram as de um cavalheiro e não as de um homem comum, pois formara seus hábitos no estúdio de Rubens, em meio a nobres. Era também orgulhoso por natureza e ávido pela fama. Usava vestes luxuosas, trazia plumas em seu chapéu, correntes de ouro ao longo do peito e fazia-se acompanhar de servos."
Van Dyck era um viajante seletivo da Itália; aparentemente já tinha decido de antemão o que queria ver. Foi em Gênova que ele se definiu como retratista da aristocracia. Sob a influência renovadora da arte italiana e tendo diante de si o exemplo dos retratos genoveses executados por Rubens, seu estilo expandiu-se intensamente.
As genovesas, mais que outras mulheres italianas, eram devotadas ao lar e à reclusão, sendo recatadas e tímidas por temperamento. Tais características Van Dyck captou e registrou magistralmente em seus retratos. Nos retratos que pintara em Antuérpia, Van Dyck já estava distanciado da rígida formalidade do tradicional retratismo flamengo.
Em 1627, depois de uma longa e bem-sucedida temporada italiana, Van Dyck resolveu retornar à Antuérpia, por causa da morte da irmã, Cornelia.

Retorno à Antuérpia

De volta à Antuérpia, Van Dyck trabalhou continuamente para a Igreja e era sempre muito solicitado como retratista. Também executou obras mitológicas, tais como Rinaldo e Armida, adquirida por Carlos I em 1629. Na tela, ecoavam os mestres venezianos, causando grande entusiasmo em Londres, já que as pinturas italianas dominavam o gosto de colecionadores ingleses. Em maio de 1630, ele foi indicado como pintor da corte, tendo feito numerosos retratos da Arquiduquesa Isabella, governante Habsburgo de Flandres.

Pintor da corte real inglesa


Carlos I em Três Posições, por Van Dyck (1635)
Em 1632, Carlos I, encorajado pelo Conde de Arundel, convidou Van Dyck para sua corte. Carlos I, que se tornou rei em 1625, tinha a reputação de generoso patrono das artes, tendo sido descrito por Rubens como "o maior apreciador da pintura entre os príncipes do mundo". Rubens pintou o teto de Whitehall Banqueting House. Van Dyck, que sentia uma atração pela vida na corte, aceitou. Passou a viver em uma casa de Blackfriars, com as despesas pagas por Carlos I, e a ter acesso a uma residência de verão em Eltham, recebendo uma pensão anual de duzentas libras esterlinas.
Em 5 de julho de 1632, Anthony van Dyck foi investido cavaleiro. Bellori fornece uma rica descrição do estilo de vida que Van Dyck teve em Londres. De acordo com o biógrafo, a casa do pintor era freqüentada pela mais alta nobreza da época. "Van Dyck mantinha servos, músicos, cantores e bobos; com essas diversões entretinha os grandes homens que diariamente vinham posar para os retratos", escreveu Bellori. Na casa de Blackfriars, foi construída uma plataforma flutuante que facilitava o acesso dos visitantes nobres que vinham pelo rio Tâmisa.
Durante os nove anos em que viveu na Inglaterra, Van Dyck pintou cerca de trinta retratos em grandes dimensões para Carlos I, além de receber uma infindável sucessão de encomendas da aristocracia. Sua produção de retratos foi verdadeiramente prodigiosa.

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 16/03/2011


Biography
Nikos Kazantzakis (Greek Νίκος Καζαντζάκης February 18, 1883, Heraklion, Crete - October 26, 1957, Freiburg, Germany) was a Greek novelist, poet, playwriter and thinker. Arguably the most important Greek writer and philosopher of the 20th century, he acquired wide fame after Michael Cacoyannis made his novel Zorba the Greek (Βίος και Πολιτεία του Αλέξη Ζορμπά) into a film in 1964. He is the most translated contemporary Greek author.
Biography
Kazantzakis was born in Heraklion in 1883, at that time a small town still under Turkish rule, but under intense revolutionary fever, following the continuous uprisings of the Greek population to achieve independence from the Ottoman empire and to unite with Greece.
In 1902 he moved to Athens, Greece where he studied Law at the Athens University and then in 1907 to Paris to study Philosophy. There he was influenced by the teachings of Henri Bergson.
Back in Greece, he started translating works of philosophy and in 1914 he got acquainted with Angelos Sikelianos. Together they travelled for two years in places where Greek Christian culture flourished, largely influenced by the enthusiastic nationalism of Sikelianos.
In 1919, as Director General of the Ministry of Social Relief, he transferred Greek populations from the Caucasus region to Greece in the aftermath of the Russian Revolution. For Kazantzakis, this was the beginning of a odyssey across the world. Until his death in 1957, he sojourned in Paris and Berlin (from 1922 to 1924), Italy, Russia (in 1925), Spain (in 1932), and then Cyprus, Aegina, Egypt, Mount Sinai, Czechoslovakia, Nice, China, and Japan.
During his stay in Berlin, where a critical and explosive situation ruled, Kazantzakis was introduced to communism and became an admirer of Lenin, but he never became a consistent communist. Yet, since that time, his nationalistic beliefs were replaced by a more universal
ideology.

In 1957 he started a new trip to China and Japan. This, however, was his last. He became ill and was transferred to Freiburg, Germany, where he died. He was buried at Heraklion. His epitaph read "I hope for nothing. I fear nothing. I am free." (Δεν ελπίζω τίποτε. Δεν φοβάμαι τίποτε. Είμαι λεύτερος)
Literary work
His first work was the narrative Serpent and Lily (Όφις και Κρίνο), 1906, which he signed with the pen-name Karma Nirvami. After his studies in Paris, he authored the tragedy "The Master Builder" (Ο Πρωτομάστορας), based on a popular Greek folklore myth (1910).
His numerous trips all over the world inspired him to start the series
"Travelling" (Ταξιδεύοντας), which became known as masterpieces of Greek travel literature. This series included Italy, Egypt, Sinai, Japan, China, England.

Kazantzakis himself considered The Odyssey: A Modern Sequelt has been a superhuman effort to record his immense spiritual experience". Following the structure of Homer's Odyssey, it is divided in 24 rhapsodies and consists of 33,333 verses. The epic poem, begins with Odysseus cleansing his body of the blood of Penelope's suitors. Odysseus soon leaves Ithaca in search of new adventures. Before his death he abducts Helen, incites revolutions in Crete and Egypt, communes with God, and meets representatives of various historical and literary figures such as Vladimir Lenin, Jesus, and Don Quixote.
1924-1938 to be his most important work. He wrote it seven times before publishing it in 1938. According to another important Greek author, Pantelis Prevelakis, "i
His best and most famous novels include Zorba the Greek (1946); The Greek Passion (1948), published in Great Britain as Christ Recrucified; Freedom or Death (1950) published in Great Britain as Freedom and Death; The Last Temptation of Christ (1951); and Saint Francis (1956, published in Great Britain as God's Pauper: St. Francis of Assisi. Report to Greco (1961) contains both autobiographical and fictional elements.
The spirit of Kazantzakis, even since his youth, was restless. He was tortured by metaphysical and existential concerns. He sought relief in knowledge, in travelling, in contact with other people, in every kind of experience. The influence of Friedrich Nietzsche on his work is evident, especially by his atheism and the presence of the superman (Übermensch) concept. However, religious concerns also haunted him.
The figure of Jesus is ever present in his thoughts, from his youth to his last years. But as presented in The Last Temptation of Christ it is a Christ tortured by the same metaphysical and existential concerns, seeking answers to haunting questions and often torn between his sense of duty and cause on one side and his own human needs to enjoy life, to love and to be loved, to have a family. A tragic figure who at the end sacrifices his own human hopes for a wider cause, Kazantzakis' Christ is not an infallible, passionless deity but rather a passionate and emotional human being who has been assigned a mission, with a meaning that he is struggling to understand and that often requires him to face his conscience and his emotions and ultimately to sacrifice his own life for its fulfilment. He is subject to doubts, fears and even guilt. In the end he is the Son of Man, a man whose internal struggle represents that of humanity.

The Grave of Nikos Kazantzakis in Herakleion (Source)
Inscription of the Grave of Kazantzakis: Δεν ελπίζω τίποτα. Δε φοβάμαι τίποτα. Είμαι λεύτερος (I hope for nothing. I fear nothing. I am free.)
Kazantzakis Books from France, Argentina, Spain, Germany, Finland, Sweden








10/13/2011




 05/03/2011

       Carmen Miranda

 
Carmen Miranda recebeu o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha . Era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto Cunha (1887-1938) e de Maria Emília Miranda (1886-1971). Ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu pai tinha por óperas.
Pouco depois de seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, sua mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu que a câmara do concelho de Marco de Canaveses desse seu nome ao museu municipal.
No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na rua da Misericórdia, número 70, em sociedade com um conterrâneo. A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão. Mais tarde mudaram-se para a rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa.
No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cecília (1913), Aurora (1915 - 2005) e Oscar (1916).
Carmen estudou na escola de freiras Santa Teresa, na rua da Lapa, número 24. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes.
Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir num sobrado na Travessa do Comércio, número 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou a Portugal para tratamento, onde permaneceu até sua morte em 1931. Para complementar a renda familiar, sua mãe passou a administrar uma pensão doméstica que servia refeições para empregados de comércio.
Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu incógnita em uma fotografia na sessão de cinema do jornalista Pedro Lima da revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros, que encantado com seu talento passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano, gravou na editora alemã Brunswick, os primeiros discos com o samba Não Vá Sim'bora e o choro Se O Samba é Moda. Pela gravadora Victor, gravou Triste Jandaia e Dona Balbina ou "Buenas Tardes muchachos".

O início da carreira artística

                                      Carmen Miranda em 1930.
O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha "Pra Você Gostar de Mim" ("Taí") de Joubert de Carvalho. Antes do fim do ano, já era apontada pelo jornal O País como "a maior cantora brasileira".
Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora na carreira artística. No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga para ganhar dois contos de réis por mês, o que hoje equivale a cerca de R$ 1000,00. Foi a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando a praxe era o cachê por participação. Logo recebeu o apelido de "Cantora do It".[nota 2] Em 30 de outubro realizou sua primeira turnê internacional, apresentando-se em Buenos Aires. Voltou à Argentina no ano seguinte para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano.
Em dezembro de 1936, Carmem deixou a Mayrink Veiga e assinou com a Tupi, ganhando cinco contos de réis

Carreira cinematográfica no Brasil

Em 20 de janeiro de 1936, estreou o filme Alô, Alô Carnaval com a famosa cena em que ela e Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio". No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Cassino da Urca de propriedade de Joaquim Rolla. A partir de então as duas irmãs se dividiram entre o palco do cassino e excursões frequentes pelo Brasil e Argentina.
Depois de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power em 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos. Carmen recebia o fabuloso salário de 30 contos de réis mensais no Cassino da Urca e não se interessou pela ideia.
Em 1939, o empresário estadunidense Lee Shubert e a atriz Sonja HenieNormandie, Carmen assinou contrato com o empresário. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical Bando da Lua para a acompanhar, mas o empresário estava apenas interessado em Carmen. Depois de voltar para os Estados Unidos, Shubert aceitou a vinda do Bando da Lua. Carmen partiu no navio Uruguai em 4 de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial. assistiram ao espetáculo de Carmen no Cassino da Urca. Depois de um espetáculo no transatlântico

A carreira nos Estados Unidos e o começo da consagração


Alô... Alô?
Interpretado por Carmen Miranda e Mário Reis, gravado em 1934

Chegou a Hora da Fogueira
Interpretado por Carmen Miranda e Mário Reis, gravado em 1933


Em 29 de maio de 1939Streets of Paris", em Boston, com êxito estrondoso de público e crítica. As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas. Em 5 de março de 1940, fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca. Carmen estreou no espetáculo musical "
Em 10 de julho de 1940 retornou ao Brasil, onde foi acolhida com enorme ovação pelo povo carioca. No entanto, em uma apresentação no Cassino da Urca com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". Entre os seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias aos Estados Unidos.
Dois meses depois, no mesmo palco, Carmen foi aplaudida entusiasticamente por uma plateia comum. No mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil, onde respondeu com humor às acusações de ter esquecido o Brasil e ter-se "americanizado". Em 3 de outubro, voltou aos Estados Unidos e gravou a marca de seus sapatos e mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los Angeles.
Carmen Miranda no filme Entre a Loura e a Morena (The Gang's All Here, 1943), de Busby Berkeley.
Entre 1942 e 1953 atuou em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, cassinos e teatros norte-americanos. A Política de Boa Vizinhança, implementada pelos Estados Unidos para buscar aliados na Segunda Guerra Mundial, incentivou a imigração de artistas latino-americanos. Apesar de ter chegado nos Estados Unidos antes da criação da Política de Boa Vizinhança, Carmen Miranda sempre foi identificada como a artista de maior sucesso do projeto.

Vida amorosa e casamento

Em 1946, Carmen era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais pagava imposto de renda nos EUA. Em 17 de março de 1947 casou-se com o americano David Sebastian, nascido em Detroit a 23 de novembro de 1908. Antes, Carmen namorou vários astros de Hollywood e também o músico brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.
Antes de partir para os Estados Unidos e antes de conhecer o marido, Carmen namorou o jovem Mário Cunha e o bon vivant Carlos da Rocha Faria, filho de uma tradicional família do Rio de Janeiro. Já nos EUA, Carmen manteve caso com os atores John Wayne e Dana Andrews.
O casamento é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo de sua decadência moral e física. Seu marido, David, antes um simples empregado de produtora de cinema, tornou-se "empresário" de Carmen Miranda e conduzia mal seus negócios e contratos. Também era alcoólatra e pode ter estimulado Carmen Miranda a consumir bebidas alcoólicas, das quais ela logo se tornaria dependente. O casamento entrou em crise já nos primeiros meses, por conta de ciúmes excessivos, brigas violentas e traições de David, mas Carmen Miranda não aceitava o desquite pois era uma católica convicta. Engravidou em 1948, mas sofreu um aborto espontâneo depois de uma apresentação e não conseguiu mais engravidar, o que agravou suas crises depressivas e o abuso com bebidas e remédios sedativos.

Dependência de barbitúricos

Desde o início de sua carreira americana, Carmen fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eram receitadas pelos médicos sem muitas preocupações com efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por ser também viciada em cigarro e beber muito álcool, o efeito das drogas foi potencializado. Por conta do uso cada vez mais frequente, Carmen desenvolveu uma série de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia os efeitos devastadores, que foram erroneamente diagnosticados como estafa (cansaço) por médicos americanos.

Em 3 de dezembro de 1954, Carmen retornou ao Brasil após uma ausência de 14 anos viajando e fazendo shows pelo mundo, além de estar morando nos EUA. 

Ela continuava casada e sofrendo com o marido, cada vez mais alcoólatra e violento. Seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Ficou quatro meses internada em tratamento numa suíte do hotel Copacabana Palace. Carmen melhorou, embora não tenha abandonado completamente drogas, álcool e cigarro. Os exames realizados no Brasil não constataram alterações de frequência cardíaca.

A morte nos EUA

Ligeiramente recuperada, retornou para os Estados Unidos em 4 de abril de 1955. Imediatamente começou com as apresentações. Fez uma turnê por Cuba e Las Vegas entre os meses de maio e agosto e voltou a usar barbitúricos, além de fumar e beber mais do que já fumava e bebia. No início de agosto, Carmen gravou uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por Durante. Recuperou-se e terminou o número. Na mesma noite, recebeu amigos em sua residência em Beverly Hills, à Bedford Drive, 616. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen subiu para seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e caminhou em direção à cama com um pequeno espelho à mão. Um colapso cardíaco fulminante a derrubou morta sobre o chão no dia 5 de agosto. Seu corpo foi encontrado pela mae no dia seguinte, as 10h30 da manha. Tinha 46 anos.

Funeral e sucesso no Brasil

Aurora Miranda, sua irmã, recebeu na mesma madrugada um telefonema do marido de Carmen Miranda avisando sobre o falecimento. Aurora Miranda se desesperou por completo e passou então a notícia para as emissoras de rádio e jornais. Heron Domingues, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiro a noticiar a morte de Carmen Miranda em edição extraordinária do Repórter Esso.
Em 12 de agosto de 1955, seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado no saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, "Taí", um de seus maiores sucessos.
No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro Francisco Negrão de LimaMuseu Carmen Miranda, o qual somente foi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo. assinou um decreto criando o
Hoje, uma herma em sua homenagem se localiza no Largo da Carioca, Rio de Janeiro.[1]

Filmografia

Todos os títulos em Português dos filmes estrangeiros referem-se a exibições no Brasil.[2]

Canções mais famosas

Notas

  1. Apesar de ter morado quase toda a sua vida no Brasil e nos Estados Unidos, Carmen Miranda nunca se adquiriu a nacionalidade de qualquer um destes países. Portanto, sempre manteve a nacionalidade portuguesa que tinha por ter nascido em Portugal, assim como sempre foi legalmente estrangeira no Brasil e nos Estados Unidos.
  2. O pronome da língua inglesa it era muito utilizado na época para significar um quê, um certo traço ou alguma coisa que fascina, encanta, atrai; charme, magnetismo (definição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, edição on-line visitada em 6 de dezembro de 2008.

Referências

  1. CASTRO, Ruy, Carmen, Uma Biografia, São Paulo:Companhia das Letras, 2005, ISBN 85-359-0760-2
  2. Astros e Estrelas, Volume 2, São Paulo:Nova Cultural, 1985



04/03/2011


26/02/2011

21/02/2011

Edward Witten e os nós da física moderna

Considerado o sucessor de Einstein, teórico das supercordas fala a VEJA dos desafios e promessas de um modelo que pretende ser a "Teoria de Tudo"

Marco Túlio Pires
Witten: "Enquanto não se prova a existência das supercordas, a teoria é útil para entender melhor aquilo que nenhum outro recurso físico ou matemático consegue explicar" Witten: "Enquanto não se prova a existência das supercordas, a teoria é útil para entender melhor aquilo que nenhum outro recurso físico ou matemático consegue explicar" (Divulgação)
São os pequenos problemas que tiram o sono do físico e matemático americano Edward Witten. "Fiquei um tempão ontem à noite tentando resolver uma equação que descreve uma coisinha pequena", diz ao site de VEJA. "E no fim das contas não era tão simples assim." De probleminha em probleminha, de equação em equação, Witten ousa a grande aventura de unificar em uma só teoria os dois pilares da física moderna: a mecânica quântica, que descreve o mundo subatômico; e a teoria da relatividade, que abarca as grandes escalas do universo. O desafio é tal que este modelo dos sonhos passou a ser conhecido simplesmente como Teoria de Tudo.
A aposta de Witten chama-se teoria das supercordas, para a qual contribuiu, nos anos 1990, com um trabalho seminal que unificou diferentes versões das supercordas em uma só, a chamada teoria M. Atualmente, parte considerável da comunidade científica está convencida que esta é de fato a melhor candidata a uma Teoria de Tudo.
Se é que um dia será alcançada, tantos são os "pequenos problemas", esta teoria concretizaria a obsessão final de Albert Einstein. Depois de dar novas base à física moderna, Einstein tentou, sem sucesso, chegar a algum modelo único e coerente que descrevesse diferentes forças da natureza. Foi o que o afastou da linha de frente dos laboratórios. E o que o levou a se queixar, nos anos 1940: "tornei-me um velho solitário, mais conhecido porque não uso meias" - antes, é claro, de tornar-se ainda mais conhecido na imagem icônica dos anos 1950, em que aparece descabelado e com a língua de fora.
Como Einstein em seus últimos anos de vida, Witten sonha também com a unificação das teorias. "As coisas grandes são feitas de coisas pequenas", diz. "Não podemos ter uma teoria que fala de estrelas e outra completamente diferente que descreve os átomos, porque estrelas são feitas de átomos."
Como Eistein, Witten também tem a reputação de ser brilhante em uma área de especialização notoriamente estrelada. Um estudo sobre a relevância dos cientistas em atividade, publicado na revista Nature, colocou Witten no topo do ranking da física. Seu índice de relevância, baseado nas citações feitas pelos pares, é quase três vezes maior que o necessário para ingressar na Academia Americana de Ciências.
Por tudo isso é comum descrevê-lo como um novo Einstein. Ou, mais precisamente, seu sucessor. “Não deveríamos banalizar esse tipo de comparação”, disse Sam Treiman, da Universidade de Princeton, ao jornal americano The New York Times. “Mas se estamos falando do Witten...” Witten, naturalmente, refuta a comparação: "não sou páreo."
 

Opinião do especialista

Nathan Jacob Berkovits
Doutor em Física pela Universidade da Califórnia e professor titular da Unesp

A grande contribuição de Witten foi reunir cinco teorias de cordas diferentes, mas igualmente legítimas, em uma só. Ele percebeu que, ao adicionar mais uma dimensão à receita, teorias concorrentes até então na verdade eram partes pertencentes a uma teoria maior, unificada, a que ele deu o nome de teoria M. Entendemos a teoria até certo ponto e ela faz boas previsões. O problema é que não conseguimos verificar essas previsões na prática ainda. Apesar disso, tem aplicações úteis em outras áreas e abriu caminhos na matemática que os próprios matemáticos não conheciam.
"Ninguém entende mais que isso" - Witten veio ao Brasil receber o título de doutor honoris causa da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp). Aproveitou a passagem para dar uma aula sobre a teoria das supercordas.
A teoria das supercordas é uma abstração quase impenetrável que tenta descrever o universo como a expressão de minúsculas cordas vibrando em dez ou, segundo Witten, onze dimensões - as três dimensões espaciais do mundo que conhecemos, a dimensão do tempo e outras tantas que não conseguimos perceber. É a vibração destas cordas que determina todas as partículas e as forças do universo. E "ninguém entende muito mais do que isso", brinca Witten.
Uma razão para ninguém entender muito mais do que isso é própria dos modelos da matemática e da física teórica. Pode-se imaginar a estupefação de quem primeiro ouviu do geômetra Euclides, 2200 anos atrás, sua definição de ponto: "é aquilo que não tem partes, que não tem magnitude". Ou que a luz, desde as descobertas da mecânica quântica, ora se comporta como onda, ora como partícula. O Nobel Richard Feynman, o mais influente físico teórico depois da II Guerra, dizia que a dificuldade de compreensão se deve ao "desejo incontrolável, mas vão" de tentar enxergar um modelo teórico em termos familiares.
Difícil de imaginar, a hipótese das supercordas é ainda mais complicada de verificar. É o que esfria os ânimos de parte da comunidade científica. Apesar do nome, as supercordas são muito, muito pequenas. Em termos comparativos: uma destas cordinhas está para o núcleo de um átomo assim como a Terra está para todo o universo visível, conforme exemplifica Freeman Dyson, em Infinito em Todas as Direções (Ed. Cia. das Letras, pg. 386). É uma escala bilhões de milhões de vezes menor que qualquer coisa jamais observada. "Apesar da elegância teórica, ainda não temos a menor evidência experimental de que a teoria das supercordas esteja correta", diz o físico Marcelo Gleiser.
 

O que são as supercordas?


Ilustração da teoria M: unificação de diversas teorias

De acordo com a física moderna, existem quatro forças fundamentais na natureza: a gravidade, o eletromagnetismo e as forças nucleares fraca e forte (entre subpartículas dos átomos). Já existe um modelo teórico que une três dessas forças: o eletromagnetismo e as forças nucleares. Este modelo se chama o "modelo padrão" e esta sendo testado com muito sucesso nos aceleradores de partículas.
Falta unir as quatro forças — a gravidade e as outras três forças — em um único modelo teórico. A teoria das supercordas é a candidata que vem ganhando mais força nos últimos anos para se tornar a Teoria de Tudo.
O modelo acaba com a noção de que as partículas fundamentais são partículas pontuais. Em vez disso, propõe que sejam, na verdade, pequenos laços que vibram o tempo todo. Essas "cordas" fechadas em círculo vibrariam de diferentes formas, e essa diferença caracteriza as diversas partículas do universo.
A teoria também exige que o mundo de quatro dimensões (altura, largura, profundidade e tempo) inclua outras sete dimensões que ainda não foram observadas.
E tem ainda outro problema com as supercordas. A conta é tão complexa que as equações que tentam descrevê-las não passam de aproximações, e aproximações tão complicadas que só podem ser resolvidas parcialmente. É bastante simbólico que da tal teoria M não se saiba nem bem o que quer dizer o "M". Witten nunca cravou um significado para a inicial, embora muitos tenham suposto "M" de membrana. Outros, com alguma ironia, "M" de mistério.
"É o melhor que temos" - Com tantas ressalvas, é de se perguntar por que as supercordas empolgam tanto uma parte da comunidade científica. Há três boas razões.
A primeira é de natureza matemática: cordas têm dimensão, ao contrário do ponto euclidiano "que não tem magnitude". Na hora da conta, dividir um valor qualquer por algo "que não tem magnitude" (ou seja, zero) resulta infinito. Há um expediente matemático para contornar resultados infinitos numa mesma expressão, chamado renormalização, mas teóricos como o próprio Feynman descreveram o truque como um sinal da fragilidade do modelo, conta John Gribbin em The Universe Biography.
A segunda razão de entusiasmo é essencialmente física: a teoria das supercordas prevê a existência do gráviton, a partícula hipotética da força gravitacional. Por aí, a hipótese das supercordas surge como um modelo quântico do qual a relatividade é sua consequência. Esta é a promessa mais empolgante de unificação teórica - e "a maior emoção intelectual" que Witten já sentiu, como narra Brian Green, em seu O Universo Elegante (Ed. Companhia das Letras, 476 pg).
Uma terceira razão é circunstancial, e o italiano Daniele Amati a expôs da seguinte maneira: trata-se de um modelo do século XXI que apareceu sem querer no século XX. É que só agora experimentos como o Grande Colisor de Hádrons (LHC), o famoso acelerador de partículas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), poderão começar a verificar indícios indiretos da teoria. "Mas se isso não acontecer", diz Gleiser, "acho difícil que o modelo continue a ser considerado" (Leia no Acervo Digital VEJA: "Especial Big Bang").
Witten não sabe dizer em quanto tempo ou mesmo se é que algum dia será provada a existência das supercordas. Enquanto isso, porém, "a teoria está sendo útil para entender melhor aquilo que nenhum outro recurso físico ou matemático consegue explica. É o melhor modelo que temos para irmos além."
Pequenas manchas - Gleiser conheceu Witten durante seu doutorado no Fermilab, o acelerador de partículas americano. "É uma das pessoas mais impressionantes que conheci na vida", conta. "Em 5 minutos, entendeu tudo o que eu tinha feito e ainda lançou ideias que eu mal conseguia entender." Mas Gleiser vê uma grande diferença entre Witten e Einstein. "Einstein sempre percebeu a física como uma ciência empírica e sempre admitiu que teríamos uma visão imperfeita do universo". Gleiser é um crítico da unificação das teorias da física. "Esse sonho se parece mais com uma aventura intelectual. É impossível uma Teoria de Tudo, porque não somos capazes de medir tudo."
Witten não espera publicar algum dia a Teoria de Tudo. Nem ganhar o Nobel de física, embora já colecione o seu equivalente da matemática, a medalha Fields. Imagina que em algum momento do século XXI, quando estiver "velho demais para produzir conhecimento novo neste campo", uma nova geração de cientistas poderá decidir se de fato ele e seus colegas percorreram a trilha certa. Aliás, é o que recomenda aos espíritos desbravadores: "não existem novos continentes para serem descobertos, mas são tantas as coisas que não conhecemos na física e na matemática que talvez seja a aventura do nosso tempo".
Com 59 anos, cabelos grisalhos, Witten joga tênis regularmente. Vai logo avisando: "Não sou muito bom, mas gosto de jogar". Criado em um lar judeu, não se considera religioso. "A ciência nos ajuda a descobrir verdades sobre o mundo em que vivemos", diz. E a religião? "A religião não tem nada a ver com isso." Witten prefere continuar polindo as pequenas manchas que existem na teoria das supercordas. "Antes de você chegar", diz à reportagem, "eu estava tentando resolver uma outra equação, um outro pequeno problema". Encerrada a entrevista, ele se tranca em uma salinha com sua mala de viagem. Vai pensar na tal equação. A religião de Witten é a própria ciência.





15/02/2011
A Saga de Daniel
por Luiz Roberto Londres

Daniel Tabak é uma unanimidade na Medicina brasileira, desde os primeiros anos da Faculdade de Medicina da UFRJ; em todos os campos, tanto da vida profissional quanto da vida pessoal; e mesmo na vida familiar; soube, há poucos dias, que seu tio foi um dos mais respeitados professores da comunidade judaica do Rio de Janeiro. Apesar do enorme sucesso em sua prática privada e de sua crescente, seleta e bem atendida clientela, Daniel Tabak dedicou muitos anos e parte importante de seu tempo de trabalho a uma entidade que, graças a pessoas como ele e tantos outros, tornou-se um símbolo de seriedade e eficiência de serviço público em todo o território nacional. Só mesmo quem ignora completamente a seriedade com que se deve lidar com a saúde da população, seja ela composta de pacientes públicos ou privados, pode levantar suspeitas ou acusações a respeito de Daniel Tabak.

O rei está nu! Na verdade, Daniel Tabak, ex-diretor do Centro de Medula Óssea do Instituto Nacional do Câncer, não revelou nada de novo; denunciou publicamente o que já era conhecido. Homens públicos usam os seus cargos para defesa de interesses privados; nada contra desde que esses interesses privados não estejam ferindo o interesse público, desde que os privilégios não estejam ferindo os preceitos morais e legais que regem os serviços públicos. Principalmente na Medicina, onde mais do que nunca deveria valer o preceito "todos são iguais perante a lei!". O fato de Daniel ter feito a denúncia traz apenas uma visibilidade objetiva sobre um tema / um comportamento, já sobejamente conhecido de todos nós, mas... isso não é de nossa conta... nada podemos fazer... é assim mesmo... somos todos idiotas... Mas, Daniel não é! E nos mostra o caminho da cidadania!

Todo o poder emana do povo! Acontece que esse povo se esqueceu ou nem sequer tomou conhecimento dessa máxima democrática. Para o povo, o poder está com alguns funcionários públicos que nem são de carreira, como os ditos políticos que não honram esse nome e, pior, sentem-se ofendidos quando são denunciados como uma classe. Sugiro que todos nós tenhamos anotado os nomes daqueles que tentaram, em qualquer esfera, denegrir o nome de Daniel Tabak e deles cobremos dia a dia provas ou retratação pública.

Deus é meu juiz! Este é o significado do nome Daniel. Indica uma pessoa que não se preocupa exageradamente com a opinião dos outros. O importante para ele é estar em paz com a própria consciência e com seus princípios morais. Tem uma intuição muito grande e sabe usá-la. Do hebraico, "Deus é meu juiz". Faz sentido!

Daniel na cova dos leões! Os que quiserem jogar Daniel Tabak na cova dos leões deveriam antes ler o livro de Daniel, capítulo 6, na Bíblia Sagrada: 23 "Meu Deus enviou seu anjo e fechou a boca dos leões; eles não me fizeram mal algum, porque a seus olhos eu era inocente e porque contra ti também, ó rei, não cometi falta alguma. 24Então o rei, todo feliz, ordenou que se retirasse Daniel da cova. Foi ele assim retirado sem traço algum de ferimento, porque tinha tido fé em seu Deus. 25Por ordem do rei, mandaram vir então os acusadores de Daniel, que foram jogados na cova dos leões com suas mulheres e seus filhos. Não haviam tocado o fundo da cova, e já os leões os agarraram e lhes trituraram os ossos".

Lição de cidadania: Denegrir um homem correto para esconder iniqüidades leva a conseqüências, seja para o denunciado (caso as denúncias sejam verdadeiras), seja para o país (caso nada seja feito), seja para os denunciantes (caso não provem o que dizem).


10/02/2011

 

 

 

08/02/2011

 Vanessa da Mata

personagem do dia: Vanessa da Mata
A cantora mato-grossense fez 2 shows em São Paulo , do seu disco novo, Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias, irretocável, ela lindíssima, repertório do novo CD e algumas antigas.

 

07/02/2011 

 

Viajar é a melhor coisa que existe para a jornalista e escritora Danuza Leão. Duas a três vezes por ano, ela pega o avião para a Europa e o Natal sempre passa em Paris. No último livro Fazendo as Malas, lançado pela Companhia das Letras, Danuza reúne dicas e impressões sobre  Sevilha, Lisboa, Roma e Paris. Esta última sua grande paixão. Lá exerceu carreira de modelo internacional aos 17 anos, antes de se casar com o jornalista e empresário da comunicação Samuel Wai­ner. Mais que um guia , o livro é uma agradável viagem aos relatos de Danuza sobre con­su­mo, valores e culinária. Em en­trevista à coluna, ela foi além do turismo, discorrendo sobre temas como solidão e sucessão presidencial.

Como surgiu a ideia de escrever o livro Fazendo as Malas?
Estava viajando para Europa e meu editor (Luiz Schwarcz), da Companhia das Letras, me disse: por que não escreve um livro? Achei a ideia interessante e topei.


Gostou da experiência?

Sim, mas é muito trabalhoso. Não existem minutos de relax, a gente fica o tempo todo ligada. Gostei da experiência e há planos de fazer outro livro sobre viagem, mas ainda não definimos para onde vou viajar.

Por que gosta de viajar sozinha?

Não tenho paciência de ficar esperando. Fazendo o gosto das pessoas. No final ninguém faz nada.

Há muitos anos também você mora sozinha. Existe receita de viver bem assim?

Não há segredo nenhum. Acho que é uma questão de tendência que a gente tem, de temperamento.

Na juventude você vivia cercada de pessoas. Descobriu esse gosto pela solidão mais tarde?

Ah, foi. A vida social foi tão intensa que eu enjoei.

Você acaba de chegar de  Paris. A cidade está diferente com a crise?

Paris nunca muda, mas a globalização está chegando no mundo inteiro.

Acha isso ruim?

Não gosto muito, porque com o tempo em qualquer lugar que você vá, vai ter os mesmos restaurantes, as mesmas lojas. O mundo vai ficando igual.

04/02/2011

Um mineiro no ministério

Conheça a trajetória política de Fernando Pimentel até ele se tornar o único representante de Minas Gerais no ministério da presidente Dilma Rousseff

Texto: Flávio Penna | Fotos: Nélio Rodrigues, Marcelo Casal Jr/ABr


Fernando Pimentel, 59 anos, o único mineiro chamado para participar do ministério de Dilma Rousseff tem uma longa história de militância política, iniciada ainda como estudante secundarista. Nascido em Belo Horizonte, no bairro Carlos Prates, o petista estudou no Colégio Estadual anexo Gameleira. O segundo grau ele cursou no “Estadual Central”, hoje Milton Campos. Era a época de maior efervescência política, final da década de 1960, quando os movimentos de resistência à ditadura militar recrutava seus quadros nas faculdades e nos diretórios estudantis dos colégios secundaristas. Dali para engajamento a um movimento armado foi um pulo. Ainda muito jovem Pimentel foi recrutado pelo Comando de Libertação Nacional - Colina, organização em que já militava a hoje presidente Dilma Rousseff. Ele secundarista, ela estudante de economia da Universidade Federal.
A participação política foi ficando mais intensa e a vida do hoje ministro tomaria novos rumos a partir de 1969 quando um dos quadros do Colina caiu. Preso, o militante acabou revelando o nome de vários companheiros. Pimentel foi tirado de Belo Horizonte e levado clandestinamente para o Rio de Janeiro. De lá, militando na Vanguarda Popular Revolucionária - VPR, depois de uma participação na Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares - Var-Palmares, ele foi para o Rio Grande do Sul. Lá, segundo os arquivos da repressão, “Oscar”, “Chico” ou “Jorge”, codinomes de Fernando Damata Pimentel, se envolve na tentativa frustrada de sequestro de um cônsul. Na ação foram cometidos tantos erros primários que facilmente a polícia identificou e prendeu todos os envolvidos.
Condenado, ele permaneceu três anos e meio na prisão, sendo depois libertado através de condicional. Uma das exigências para que recebesse o benefício foi de que morasse com a família. Outra que não tivesse qualquer envolvimento político. Compulsoriamente afastado da política, o ministro voltou à vida de estudante que abandonara sem a conclusão do segundo grau. Para ganhar tempo, fez o “madureza”, hoje supletivo. Na primeira tentativa, em 1974, passou no vestibular e foi estudar economia na PUC. Tão logo concluiu, fez concurso para professor na Universidade Federal nas cadeiras de história econômica e economia internacional.
Findo o período da condicional e com o país começando a viver novos ares de liberdade, Fernando Pimentel se liga aos movimentos sindicais. Daí a presença na articulação da formação do PT foi um pulo. “Do grupo inicial era o único que trabalhava e por isso acabei sendo o fiador do aluguel do imóvel que foi a primeira sede do partido. Mesmo tendo forte presença na fundação do PT, nunca havia pensado em disputar eleições. Gosto da política, da administração pública, mas não tenho muito entusiasmo com campanhas eleitorais.”

Pimentel (à esquerda),  durante sua posse como ministro do Desenvolvimento
Pimentel (à esquerda), durante sua posse como ministro do Desenvolvimento
Na sua militância sindical Pimentel foi presidente do Conselho Regional de Economia e do Sindicato dos Economistas. Foi também membro do núcleo de economia do PT quando acabou se aproximando de muitos petistas que hoje, como ele, ocupam cargos importantes no governo de Dilma. “Fui companheiro de Guido Mantega, Miriam Belchior, Luciano Coutinho e do deputado Virgílio Guimarães. Estes contatos serão importantes para minha atuação no ministério.”
Quem acabou levando Pimentel para a vida pública foi Patrus Ananias. Quando venceu as eleições para a prefeitura de Belo Horizonte, no início da década de 90, ele convidou o ministro para ser seu secretário da Fazenda. Juntos conseguiram fazer profundas mudanças na administração municipal. Por seu trabalho, Pimentel foi mantido no cargo por Célio de Castro, do PSB, que venceu a eleição, derrotando a candidatura petista. “Quando disputou a reeleição, ele me escolheu para ser seu vice. O destino acabou reservando uma surpresa. Com a doença dele, e seu consequente afastamento, assumi a prefeitura praticamente no início do mandato. Acabei disputando minha primeira eleição como cabeça de chapa e fui reeleito já no primeiro turno. Fui o primeiro prefeito reeleito no primeiro turno na cidade.”
Outra experiência política importante, diz, foi a eleição para o Senado, a segunda que disputou. “A eleição fez com que consolidasse muitas relações políticas. A campanha serviu também para a abertura de novos espaços no interior, por meio de relações políticas que consegui estabelecer.”
Pimentel teve dificuldades no PT. Criou arestas dentro do partido por ter se aliado a Aécio Neves para a disputa das eleições em Belo Horizonte. Mas, apesar dos dissabores, ele garante que não se arrepende do caminho que escolheu em 2008. Considera que a eleição de Marcio Lacerda foi boa para a cidade, com a sequência dos programas que vêm sendo implantados desde a década de 1990, quando o PT chegou ao poder com a eleição de Patrus.
Frase: "Fui o primeiro prefeito reeleito no priemiro turno em Belo Horizonte" Fernando Pimentel
Mas, apesar de ser uma das principais lideranças do PT de Minas, Pimentel não chegou ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior como quadro partidário. Ele é um dos ministros da cota pessoal da presidente Dilma, de quem é amigo desde a juventude, relação que nasceu na militância da política estudantil. Estes laços se estreitaram ainda mais em função de parcerias entre a prefeitura de Belo Horizonte e o governo federal. Muitos dos recursos conseguidos para a cidade só foram viabilizados com a interferência da presidente, quando ainda ocupava a Casa Civil.
Pimentel teve também presença marcante na campanha eleitoral do ano passado, quando foi um dos articuladores da candidatura de Dilma em Minas Gerais. A presença na campanha foi, na realidade, um desdobramento do assessoramento dado por ele, como membro de um conselho político informal, à então ministra, desde que deixou a prefeitura.
Apontado como um dos membros do chamado “núcleo duro do governo”, ao lado dos também ministros Antônio Palocci, Gilberto Carvalho e Guido Mantega, o ministro Fernando Pimentel reconhece que terá que enfrentar, e vencer, “um desafio do tamanho do Brasil”. Para ele, o governo inicia-se com cenário econômico mundial “pouco favorável”, com forte presença da China no mercado e crise do dólar que precisa ser solucionada “sem mexer no câmbio”. Mesmo diante de tantas dificuldades Pimentel se diz otimista acreditando, principalmente, na parceria governo/empresariado, na transparência da relação governo/sociedade e na competência do ministério montado pela presidente Dilma. É torcer para que ele esteja certo em sua aposta.
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 03/02/2011

 

À espera dos hóspedes

Além do Ouro Minas, a empresária Érica Drumond planeja estar à frente de outros 20 hotéis espalhados pelo Brasil até 2013, sendo seis deles em Belo Horizonte

Texto: Terezinha Moreira | Fotos: Nélio Rodrigues


Vaidosa, ela pinta os cabelos a cada 15 dias. Coleciona e adora usar joias, mas só de renomadas marcas internacionais. Viciada em malhação, não dispensa a academia cinco dias por semana. No campo profissional, sabe valorizar as pessoas que com ela trabalham. Sua secretária, por exemplo, Kátia, está com ela há mais de 14 anos. Prefere comprar tudo à vista, mas exige, no mínimo, 10% de desconto. Talvez esse seu jeito para negociar explique um pouco do sucesso no mundo empresarial. Formada em hotelaria, Érica Drumond trabalha nas empresas do pai desde os 15 anos. Começou como secretária e hoje é diretora comercial do grupo Maquiné Empreendimentos, proprietário do hotel Ouro Minas e dos motéis Forest Hills e Green Park, em Belo Horizonte. Depois de quatro anos à frente da Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais, Érica está pronta para começar um novo negócio, que ganhará fôlego a partir de fevereiro deste ano.

Érica Drumond, no Ouro Minas, com parte dos funcionários do hotel
Érica Drumond, no Ouro Minas, com parte dos funcionários do hotel
“Estou me dedicando a um projeto iniciado em 2006, uma empresa para abertura de novos hotéis, desenvolvimento de bandeiras nacionais e, possivelmente, que trará bandeiras internacionais para compor algumas lacunas do mercado de hotelaria brasileiro”, antecipa Érica Drumond. A empresa é a Vert Hotéis, que já tem um empreendimento em Belo Horizonte (Thess Square Apart Hotel) e está entrando na concorrência para gerir outros que estão sendo construídos na capital mineira. A rede já possui unidades em Florianópolis e Garopaba (SC) e Lagoa Santa (MG). A Vert (verde, em francês), chega ao mercado com uma proposta ecologicamente correta. “Faremos parcerias somente com empresas que forem social e ambientalmente corretas. Além disso, contrataremos apenas mão de obra onde estão localizados nossos hotéis, compraremos produtos locais para evitar poluição com transporte, recolheremos água das chuvas”, explica a empresária. 
Empresária enfrenta 14 horas diárias de jornada de trabalho: preocupação com os detalhes na administração hoteleira e com a beleza
Empresária enfrenta 14 horas diárias de jornada de trabalho: preocupação com os detalhes na administração hoteleira e com a beleza
Outra ação em prol do meio ambiente, praticada nos hotéis das bandeiras econômicas e medianos da Vert, é a não troca dos lençóis na segunda noite do mesmo hóspede. Claro que esta atitude é colocada ao cliente no momento da reserva. Toda a forma de trabalho das bandeiras da Vert é eletrônica. Não se usa papel para fazer reservas, chek-in, check-out, emissão de notas fiscais, que são enviadas por e-mail para os clientes. “Criamos a rede com estes requisitos por acreditar que não tenha outra forma de se abrir uma empresa no Brasil, que não seja amiga da sociedade e do meio ambiente e que tenha, na realidade, o hóspede que busca isso.” A Vert Hotéis tem, entre seus proprietários, além de Érica Drumond, outros dois sócios, não revelados pela empresária, que só adianta que são executivos com experiências em diversas cadeias. 
Neste momento, estão sendo feitos os manuais da empresa, a forma de trabalho, as linhas-mestras, o planejamento estratégico e comercial e a captação junto às construtoras, investidores e incorporadores para a abertura de novas unidades. A empresa busca parcerias, por meio de pesquisas de mercado sobre as necessidades de cada localidade brasileira onde a Vert pretende investir, para que seja proposta administração com bandeira e produto adequados para aquele mercado. A Vert inicia suas atividades com quatro bandeiras: a super econômica, econômica, meio serviço e hotéis superior luxo. Mas, mesmo o hotel muito econômico chega com serviços diferenciados que ainda não eram oferecidos no Brasil. Não há empregados para, por exemplo, preparar alimentação para os hóspedes à noite. O serviço é feito pelos próprios clientes, utilizando a estrutura oferecida pelo hotel.
Para Belo Horizonte, a Vert está entrando em concorrências, mas a expectativa é de que até 2013 a rede tenha, no mínimo, seis hotéis de diversas categorias em pleno funcionamento. O foco da empresa, neste primeiro momento são as regiões Sudeste e Sul do Brasil. Nos próximos dois anos, a meta é chegar a 20 unidades em todo o país. “Neste momento em que o Brasil está crescendo muito, esse número é possível de ser atingido”, garante Érica Drumond. Mas, ela faz críticas ao sistema aeroviário brasileiro e diz que não é necessário somente se construir leitos, mas ter estruturas nos aeroportos para que as pessoas tenham possibilidade de viajar tranquilas. O mesmo, ela diz com relação às rodovias. “O crescimento da rede vai acontecer de acordo com a estrutura que o Brasil oferecer. Não podemos disponibilizar leitos se o hóspede não tiver como chegar até ele”, ressalta. Érica acredita que até 2014 a estrutura dos aeroportos brasileiros seja melhorada em função da Copa do Mundo. 
Enquanto isto não acontece, a empresária segue firme seu trabalho na Vert e em sua pequena sala no segundo andar do hotel Ouro Minas, enfeitada por um pôster do dançarino russo Nikolai Baryshnikov, na parede e por outra foto dela com o rei e a rainha do Japão, sobre um aparador. A longa jornada diária de 14 horas de trabalho ela tenta conciliar com a vida familiar. Érica, 42 anos – ela diz que se sente com 37 –, é mãe de dois adolescentes: Henrique e Stela, de 13 e 10 anos. Ela diz que não tem consciência pesada por trabalhar tanto tempo e ficar longe dos filhos. “Eu não os desamparo, mas também não passo a mão na cabeça para pensarem que sou uma mãe boazinha ou para compensar o tempo que fico fora de casa”, conta. Hobbie? “Malhar e ler, duas atividades das quais não abro mão.” Seu lado romântico também encontra espaço na sua atribulada agenda: Érica revela que adora receber flores e poemas. 
Fonte Viver Brasil

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